Quem sou eu

Fisioterapeuta, Especialista Profissional em Acupuntura/MTC. Mestre e Doutor em Fisiologia Humana (UFRGS). Pós Graduado em Tratamento da Dor e Medicina Paliativa (UFRGS).

Dr. Ji-Sheng Han

Dr. Ji-Sheng Han, diretor do Neuroscience Research Institute na Peking University, em Beijing, China, está entre os principais pesquisadores do mundo que demonstraram os mecanismos neurofisiológicos de um milenar método de analgesia: a acupuntura. Em 1965, o Prof. Han foi designado pelo primeiro ministro do governo chinês, En-Lai Zhou, para concentrar esforços na elucidação dos mecanismos analgésicos da acupuntura. Em 1989 ele fundou a Chinese Association for the Study of Pain (CASP) e, atualmente, é membro do comitê executivo da International Narcotic Research Conference. Os quarenta anos de pesquisa do Dr. Han foram fundamentados no papel dos opióides endógenos na analgesia pela estimulação por eletroacupuntura (EA). Em seus inúmeros trabalhos publicados, o Dr. Ji-Sheng Han demonstrou a participação dos peptídeos opióides (endorfinas, dinorfinas e encefalinas) no alívio da dor por meio da utilização de diferentes freqüências nas correntes elétricas utilizadas na EA. Dr. Han apresentou novas pesquisas e estudos em Honolulu, incluindo alguns da National Institutes of Health, sugerindo o mecanismo e a eficácia da acupuntura no tratamento da dor crônica e adicção. Entre suas pesquisas, encontram-se alguns experimentos para identificar qual opióide endógeno é liberado em altas e baixas freqüências de estimulação elétrica. Para essa identificação, foi realizada administração intratecal de anti-soro de meta-encefalina (Enk AS) e dinorfina A (Dyn AS) em ratos e estes resultados comparados com resultados de ratos que receberam soro normal (NRS). Os animais foram submetidos à EA com freqüências crescentes. Foi observado que a utilização de Enk AS resultou em diminuição de 76% da eficácia analgésica da EA por baixas freqüências. O efeito analgésico foi abolido quando o estímulo aplicado utilizou freqüência de 128 Hz. Por outro lado, o Dyn AS não mostrou nenhum efeito em baixas freqüências (2 – 8 Hz) e o bloqueio analgésico foi eficaz quando a estimulação alcançou 128 Hz. Este experimento mostrou que a utilização de uma freqüência média (15 – 30 Hz) pode causar uma ativação tanto de meta-encefalina quanto de dinorfina A, mantendo um potencial analgésico de, aproximadamente, 60% (figura 1). 

As pesquisas do Dr. Han culminaram na descoberta de que a utilização de freqüências altas e baixas juntas favorece um sinergismo na liberação de peptídeos opióides. Uma estimulação com 2 Hz libera encefalinas e 100 Hz, dinorfina (figura 2). O interessante é que a utilização mútua dessas freqüências favorece ainda mais o efeito analgésico da EA.O Dr. Han demonstrou, também, que o local de ação da endorfina é, em sua maioria, no cérebro, e o da dinorfina é na medula. "Fiquei muito entusiasmado em ver as evidências científicas da acupuntura," declarou o médico H.K. Kevin Du, do Advanced Interventional Pain Center of Memorial Hospital, em Belleville, Illinois. "Eu tinha a impressão que não havia bases científicas e nenhum trabalho. Dr.Han delineou mais de 40 anos de resultados e os dados são muito convincentes."

Além das investigações relacionadas ao alívio da dor, o Dr. Han também verificou o uso da acupuntura no tratamento de adictos, sendo o único neurocientista chinês que recebeu financiamento por 12 anos consecutivos da U.S. National Institute of Drug Abuse (NIDA) para investigar a neurobiologia da analgesia por meio da acupuntura. Nessas pesquisas, Dr. Han desenvolveu um aparato portátil de eletroestimulação por meio de eletrodos conhecidos como Han’s Acupoint Nerve Stimulator. Foi demonstrado que, na maioria dos casos, o uso de eletrodos é tão eficiente ou melhor que as agulhas. Ele sugere que a eletroacupuntura trabalha fortalecendo a homeostasia, além de promover sensações agradáveis devido à liberação de endorfinas. "Mas a quantidade não é suficiente para deixar o paciente entorpecido ou causar dependência", disse Dr. Han no encontro.

A aplicação terapêutica do HANS pode abranger dores crônicas e pós-cirúrgicas e, também, na síndrome de abstinência em usuários de heroína, reduzindo cerca de 90% a necessidade de uso de buprenorfina no período de desintoxicação. A utilização do HANS pode, ainda, reduzir a dependência psíquica após o período de desintoxicação. O HANS mostrou-se tão eficaz que a taxa de reincidência reduziu e elevou a porcentagem de menos de 5% para mais de 20% o número de adictos livres de uso no período de um ano. "Um estimulante analgésico de bolso é fascinante," disse Dr. Du, durante uma entrevista. "As possibilidades são infinitas." O Dr. Ji-Sheng Han informou que ele desenvolveu outro estimulador de eletroacupunctura, o qual está sendo estudado na China.

Eletromiografia de superfície para o estudo dos efeitos da auriculoterapia

Pesquisadores do Departamento de Anatomia e Biofísica da Universidades Estadual de Campinas - UNICAMP, investigaram o potencial da auriculoterapia em interfirir no sinal de eletromiografia de superfície de fibras musculares e se há alguma relação entre acupontos auriculares e o músculo músculo esquelético. Foi avaliado a amplitude eletromiográfica das fibras musculares do deltóide anterior, médio, posterior e do músculo trapézio com 20%, 40% e 60% da contração máxima de indivíduos saudáveis, após a aplicação de auriculoterapia nos pontos ombro e cintura escapular segundo Nogier. Observou-se nesse estudo mudança do sinal eletromigráfico em 60% da contração máxima do músculo trapézio (p<0.05) ,mas não em 20% e 40%. Isso demonstra que não é possível declarar que a acupuntura auricular  é capaz de alterar a atividade dos músculos estudados. É também necessário cautela na interpretação dos dados referente à contração submáxima de 60%, visto que fatores como tipo e tempo de duração da contração podem alterar a atividade do músculo estudado.

Fonte: POLITTI, F. et al. Correspondence of the auricular acupoint with the upper trapezius muscle: a electromyographic study. Complement Ther Clin Pract [S.I.], v. 16, n. 1, p. 26-30, Feb 2010.